Pirataria? Sim, obrigado!
Numa recente viagem Porto-Lisboa, dei comigo a ouvir mais uma discussão acesa na TSF sobre a famigerada pirataria electrónica. E a discordar da maioria dos argumentos utilizados.
Creio que se anda a exagerar nesta história.
Em certa medida, sou totalmente a favor da reprodução ilegal de software, música e vídeo para consumo privado e faço questão de explicar porquê.
Comecemos pelo software.
Para quem não sabe, eu sou designer gráfico e considero-me um utilizador com práctica e bastante experiência em programas essenciais como o Adobe Photoshop e Macromedia Freehand, por exemplo. Como é que aprendi a manejar estes programas? Em casa, com cópias piratas. Todos os gabinetes de design exigem experiência nestes programas e não é com trial-versions de um mês que se chega lá. Aliás, graças à minha experiência com diversos programas, pude aconselhar muitos profissionais a adquirirem legalmente este ou aquele software e a evitarem este ou aquele outro. A reprodução ilegal de software é um dos pilares da aprendizagem de todos os grandes profissionais que tenho vindo a conhecer nesta àrea.
E a música?
Bem, começo por vos dizer viva o mp3.
Os formatos digitais não vieram criar nenhum espaço novo. Vieram, isso sim, substituir as velhinhas cassetes gravadas vezes e vezes sem conta com músicas da rádio ou de um LP de um amigo.
Muitos dos artistas e bandas que hoje facturam milhões com àlbuns e que enchem salas de espectáculos só são conhecidos porque alguém ajudou a difundir a sua obra a uma velocidade assombrosa... pirateando.
E essa história de que o mp3 está a matar a venda de CD's... não me convence.
Quando um àlbum é mesmo bom, o verdadeiro apreciador acaba por o comprar. Andei imenso tempo a ouvir o "Köln Concert" do Keith Jarret em mp3, até que finalmente o encontrei em cd. E comprei, para mim e para oferecer. E são muuuuuitas as pessoas que fazem o mesmo.
Cinema? Bem, se eu gastasse dinheiro para ver coisas como o "Quarteto Fantástico" no cinema estava bem tramado. Mas já o vi. Claro que creio que uma ida ao cinema vale a pena quando falamos de coisas como "King Kong" ou "Million Dollar Baby", mas o público sabe que muitos dos embustes da sétima arte não merecem o investimento numa sala a sério ou sequer no aluguer doméstico. E, mais uma vez, quando a obra é boa, o apreciador adquire-a em DVD ou vai ao cinema prestar a sua homenagem.
A noção de respeito existe, por parte do consumidor, mesmo com pirataria.
Por parte dos artistas, das editoras e distribuidoras é que não.
Muitos destes "responsáveis" começam agora a entrar em pânico porque sabem que o público, agora, pode descobrir o seu produto final antes de o adquirir. E isso significa que os maus filmes e que os àlbuns em que só o single é que se aproveita têm os dias contados.
Porque, meus amigos, quando a obra vale a pena, vende na mesma.
Os U2 continuam a vender e a encher estádios. O "Senhor dos Anéis" foi o que se viu, tanto nas salas como em DVD. Bolas, até os Pink Floyd continuam a fazer dinheiro.
A reprodução ilegal para consumo próprio pode ser crime, mas é essencial. Essencial para a divulgação e para o apurar do sentido crítico. E, felizmente, é o fim anunciado para um dos maiores males do século XX - em que o consumidor ainda era facilmente levado ao engano pelos aparelhos de marketing.
Se o recheio é bom, a embalagem vende.
3 comentários:
tou contigo, é que ninguém se lembra que muitas bandas começam nos mp3 piratas, e não nas rádios, e depois ganham fama, passam para a rádio e ficam contra o mp3 pirata.
ou então temos um Delfim a dizer que é contra o mp3 pirata, mas que também saca o mp3 pirata da net, então em que é que ficamos?
Epá eu não diria melhor. :)
é mesmo isso, se não houvesse pirataria no mundo: as bandas de musica, os filmes em destaque e os softwares não tinham tanto sucesso. Porque... quer dizer, quase toda a gente adquire pirataria porque é mais barata e tem quase a mesma qualidade da original, nós somos pobres, têm que compreender isso. Comprar um CD pirata não quer dizer que não gostamos daquela banda mas sim que admiramos mas não temos dinheiro para gastar em CDS orginais
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