Perigos, perigos, perigos

Uma das coisas que mais me preocupa nesta história dos cartoons é que as pessoas comecem, como sempre, a generalizar.
Porque, graças a estas coisas, muita gente começa a pensar que todos os muçulmanos são fanáticos.
E não é verdade.
Isso é a mesma coisa do que começar agora a dizer que todos os padres católicos são pedófilos.
E não é verdade.
Nem todos os padres católicos andam por aí a atacar criancinhas: alguns já estão presos.

3 comentários:

karmatoon disse...

Querido amigo,

como sabes - arrogâncias à parte - sou cartoonista «de café». O mesmo é dizer, faço cartoons de uma forma meramente amadora e, regra geral, para mostrar aos amigos. Como tu.

Como sabes, porque me conheces tão bem, sou defensor feroz do direito à liberdade de expressão - porventura a conjugação de palavras mais bela que a língua inglesa nos oferece, "freedom of speech".
Como sabes também, não há nada que me repugne mais do que a censura, seja ela de que tipo for.

No entanto...
penso que concordas que de todos os cartoons publicados sobre Maomé, estes, da discórdia, um se destaca pela possibilidade que oferece de ser entendido da pior forma possivel. E pode bem ser entendido da pior forma possivel. Fosse eu muçulmano e ficaria indignado.

O cartoon em questão representa o profeta com um turbante que não é um turbante, mas sim uma bomba prestes a explodir. Ou seja, o insulto - presumindo que existe ali um - não é tanto contra uma religião, mas sim contra um povo. Deves compreender que este cartoon sim cai no erro da generalização.
Generalização! Indubitavelmente...

No entanto defendo que nunca deveria ter sido proibida a sua exibição. Acho é que um cartoonista, que sabe que está a mexer com coisas sensiveis; um cartoonista que sabe que este ou aquele tema são mais ou menos voláteis, deve ter bem presente o leque de reacções que a sua obra vai desencadear. Não se pode ser cartoonista - da mesma forma que não se pode ser cronista, artista plástico e até comediante, algo de que percebes bem mais do que eu - sem se ser altamente responsável e responsabilizado pela obra produzida. Um cartoonista não pode ser meramente um desenhador, afinal o que está ali é uma representação gráfica de um conceito, logo, ele deve-se responsabilizar por ela, prever as reacções, lidar com elas. De certo compreendes isso. Ou já não fizeste troça da Odete Santos, do Paulo Portas ou do Cláudio Ramos? E podias fazê-lo e de seguida, alegremente, lavar as mãos como o Pilatos? Não. Poderias arrogantemente acusá-los de falta de desportivismo ou de sentido de humor, caso eles se sentissem ofendidos na sua honra?

Obviamente isto tudo não explica nem justifica a violência crescente que se vem fazendo sentir no mundo àrabe. Mas quanto a isso...
seriam um post e um comentário novos, não é?

Anónimo disse...

Oh pah, eu cá concordo totalmente ali com o Karmatoon! Se ele me permite, faço minhas as palavras dele!
Só temos é que ver uma coisa, aquilo para eles não é arte. E liberdade de expressao tb ainda nao chegou lá para aqueles lados. Eu já disse aqui que para eles é uma "heresia" fazer uma imagem de Maomé, é impensavel. Foi o que aconteceu com aquele cartoon e convenhamos que não foi uma imagem nada bonita! Eu aqui percebo perfeitamente que eles se tenham sentidos ofendidos! Se eu fosse da mesma religião que eles, tb ficava!
E não generalizes, os muçulmanos não são todos assim. Acredito que talvez todos se tenham sentido ofendidos, mas não acredito que todos concordem com este tipo de reacção. Da mesma maneira, que todos nós concordamos que actos terroristas são do pior que há, mas nem todos concordamos com a guerra que se formou no Iraque.
Há padres e padres. Há muçulmanos e muçulmanos!

Carlos disse...

Eu de maneira alguma estou a generalizar. Posso brincar com muita coisa mas uma coisa é certa: o verdadeiro muçulmano, que segue o Corão, é um pacifista acima de tudo.