A receita das coisas (1)

Pacotes de Açúcar

Para os bons apreciadores de café, a actual proliferação de formas, cores e materiais nos pacotes de açúcar é um autêntico inferno.
O verdadeiro pacote de açúcar não vai em cantigas: é rectangular, de papel e branco, com uma dimensão aproximada a metade da àrea de um cartão crédito (dos bons, não daqueles novos cheios de partes transparentes e isso).
E assim é que deve ser.
O genuíno pacote de açúcar, quando bem apresentado e livre de humidade, é em si mesmo um acto de prazer isolado no ritual do consumo de infusões.
Apesar de parecerem um avanço de design, os novos pacotes de açúcar que abundam no nosso mercado são na verdade um embuste e ameaçam deitar por terra décadas de adocicada tradição. Cuidado, pois.

Analisemos, então, o real pacote de açúcar e a sua constituição/composição.
Em papel semi-couchê (morte ao plástico transparente!), o pacote deve apresentar-se seco e pousado no pires. Jamais amarrotado e solto na mesa (é desprestigiante).
Preferencialmente branco, deve ter o formato de um rectângulo quase-perfeito com uma aba nunca inferior a cinco milímetros que permita uma àrea segura para sustentação durante a tradicional sacudidela: o verdadeiro pacote de açúcar é suposto ser agitado.

Ao rasgar, deve proporcionar um elevado prazer de abertura e sonoridade ao consumidor, sendo por isso fundamental uma largura de pelo menos três centimetros. Os pacotes cilíndricos estão completamente fora de questão.

O seu conteúdo (açúcar branco como a mais pura das neves) deve sempre ser dissolvido com uma colher de metal.
Na ausência desta, é permitido o uso do pacote em si, dobrado longitudalmente ou enrolado.
O recurso ao pau de canela é uma solução também a ter em conta mas que acarreta uma imagem pouco masculina - deixem-se de mariquices.

1 comentário:

Anónimo disse...

www.pacotinhos.net

O paraíso dos pacotinhos de açúcar na net :-)

Hélder Bernardo