Gente burra

Uma das vantagens do sistema de comentários do Blogger é a oportunidade que nos dá de relembrarmos constantemente que anda aí muito pessoal que não prima pela inteligência, já para não falar da malta que parece fervilhar de amarguras e azedumes.
Dou-vos um exemplo fresquinho:

Como já tinha aqui anunciado, a partir de terça-feira iniciam-se as noites de comédia no Santiago Alquimista. Serão noites de stand-up comedy, com vários comediantes, e a ideia é, à semelhança do que temos feito no norte, não ficar por uma só casa mas promover um "circuito de comédia", um conjunto de bares onde os comediantes possam testar material, melhorar as rotinas e afinar agulhas.
A partir do momento em que surgiu a oportunidade do Santiago, eu e o António Raminhos (um tipo porreiro) pegámos no telefone para tentar descobrir mais comediantes dispostos a entrar na aventura, com quem nos encontrámos num café para acertar detalhes e definir uma estratégia de trabalho comum.
Hoje, ao ligar o pc, descubro a seguinte mensagem de um anónimo (porque é que não me espanta?):

"o ELITISMO privado ainda continua. O Stand-Up não é para todos poderem fazer e ser convidados. Reuniões onde se decide quem mereçe ou não poder actuar.E depois..surpresa.Os outros que se fodam."


Esquecendo a questão ortográfica (isso sim, irrita-me), o que importa aqui realçar é alguma ignorância que reveste este comentário.
Senão, vejamos a coisa ponto por ponto:
por "elitismo" normalmente entende-se um sistema que favorece um escol, uma elite, com claro prejuízo da maioria. Ora, a "elite" aqui referida é composta por muita malta que está a começar, alguns que eu ainda nem sequer vi actuar;
"O Stand-Up não é para todos poderem fazer e ser convidados" - Pois não. É só para os que tiverem graça, trabalharem e, sobretudo, derem a cara;
"Reuniões onde se decide quem merece ou não poder actuar" é das coisas mais imbecis que li nos últimos tempos. Quem decide os que "merecem" actuar é, única e exclusivamente, o público.
"E depois..surpresa.Os outros que se fodam" - QUE OUTROS? Se há mais gente a fazer stand-up, que dê um passo em frente e diga que quer trabalhar! Que se mostre, que se junte à malta!
Começo a ficar farto do pessoal que se esconde atrás de teclados queixando-se de falta de oportunidade e vitimando-se.
Sempre o disse e volto a dizer: queres fazer stand-up? Aparece! Diz! É tão simples, bolas, a malta está a actuar e passa-te o micro!

Querem saber o que acho dessa teoria da conspiração de que o pessoal está a fazer um sindicatozinho? Que é verdade. É precisamente isso que estamos a fazer. Uma espécie de clube, onde entram todos os que quiserem fazer comédia. A única questão é que entram todos os que percebem que, como qualquer clube, a coisa joga-se em equipa e não individualmente. E isso implica aparecer, mostrar vontade, dizer "estou aqui".

15 comentários:

Anónimo disse...

Bem respondido grande Carlos.

Anónimo disse...

Infelizmente temos de lidar diariamente com gente que se faz de vitima de tudo e mais alguma coisa.
Na maior parte dos casos nem é propriamente burrice, mas cobardia por ser demasiado para essas pessoas irem à luta. Afinal de contas fazer-se de vitima é mais cómodo. Só que nada dura para sempre! Mais cedo ou mais tarde, quem está à volta cansa-se...
G.M.

Anónimo disse...

Carlos,
sinceramente acho que devias ser mais brando com os anónimos.
São pessoas que geralmente vivem com dificuldades, nomeadamente na altura de tentarem marcar mesas em seu nome nos restaurantes.
Além disso, são frequentemente vítimas de pessoas que os agridem com perguntas ao telefone do género: estou, quem fala?, ou, quem devo anunciar?, numa festa de embaixada, já para não falar nas dificuldades óbvias dum anónimo em receber uma herança. "Olhe eu queria receber a herança do senhor Champalimaud." "Muito bem, como se chama?" "Isso agora não posso dizer". "É pena"
Sobre as reuniões sinistras, é incrível que os anónimos não sejam convocados, a não ser que sem o seu nome seja difícil entrar em contacto com eles.
Agora, devo dar-te os parabéns, usualmente não é fácil impedir a carreira dos que conhecemos quando mais a dos que desconhecemos.
E termino encorajando os anónimos em geral:agora que já têm opinião, assinem. Vá lá, vocês conseguem, é a primeira coisa que se aprende a escrever.
Abraços amigo,
Pedro Goulão

Farrusco disse...

(Sandro Pires mascarado de anónimo)

Anónimo disse...

Pois é pá! É uma chatice. Parece que o Stand Up quando aparece bem organizadinho por gente séria arrasta logo tipos que eu já nem me lembrava que faziam Stand em Bares. É mais ou menos como os chineses. Nós não nos lembramos deles mas mal cai um pinguinho de chuva aparecem eles arrastados pelas gotas de água a gritar; "Tchapeu pala à tchuva à milé"
É mesmo assim pá... Não vales nada pá! O que tu queres sei eu pá! É por tua causa que o Stand Up deste país é uma vergonha pá! E se não te portas bem vou dizer a toda a gente que gostas da textura das cuecas de fio dental brasileiro pá!

renato gomes pereira disse...

Foi preciso ler este post para perceber o verdaeiro eprofundo sentidopdo termo"taliban" colocado pelo presidente do F.C.Porto -PINTO DA COSTA neste último celebre jantar (ou almoço?)

karmatoon disse...

Já estou cansado de fazer figura de canalha, mas de facto tenho de voltar a dizer isto: acompanhei de perto o evoluir de alguns comediantes no palco do extinto LAF, em leça, da mesma forma que tive a oportunidade de assistir aos desempenhos dos mais consolidados no panorama nacional e continuo a achar que são poucos - muito poucos - os que se safam verdadeiramente. No entanto, e lembras-te disto, com certeza, sempre defendi que se devia criar uma rotina de stand up em Portugal. Que se devia plantar a semente da rotina de stand up, nomeadamente em Lisboa, onde o público é mais acolhedor a coisas novas e diferentes, e onde o panorama de palcos e não só capazes de receber iniciativas destas é bem maior do que em qualquer outra parte do país. para que isso aconteça é obrigatório criar uma espécie de sindicato, sim, porquê tanto medo da palavra? Até soa bem como nome para uma associação de comediantes. "Sindicato do comediante".
Força, amigo Moura. Dêem-lhe com muita força.

Anónimo disse...

Oh! Santa Ignorância. Isto, há cá cada um. Mas "prontos" é a vidinha.

Anónimo disse...

eu chamaria a isto a famosa "dor de cotovelo"...
Com todo o devido respeito...Carlinhos...caga para esses gajos...e continua o teu fantástico trabalho...

Anónimo disse...

Já dizia o poeta: "(...) mas há quem queira deitar abaixo o que eu levantei."

Sempre houve e sempre haverá gajos e gajas que não têm nada, mas também não podem ver os outros ter alguma coisa.

O caminho é p'rá frente e faz-se ao andar. Upa, upa, p'rá frente que atrás vem gente, dos fracos não reza a história.

Um abraço!

(Anónimo cada vez menos anónimo)

João Pires disse...

Na parte final dizes:
- "E isso implica aparecer, mostrar vontade, dizer "estou aqui"."

Isso tá farto o Abrunhosa de dizer e este clube "privado" não lhe arranja emprego! Essa é que é essa!

Karmatoon, curti essa piada que mandaste.

"(...)nomeadamente em Lisboa, onde o público é mais acolhedor a coisas novas e diferentes, e onde o panorama de palcos e não só capazes de receber iniciativas destas é bem maior do que em qualquer outra parte do país."

Sem dúvida, este merece um grande LOL!

Lá estarei. ;)

Unknown disse...

"Vozes de burro não chegam ao céu".
E mai nada!

karmatoon disse...

Fico sem perceber se o João Pires queria ter piada ou usar de algum mordaz sarcasmo na apreciação que faz À minha «piada», mas volto a dizer: o público lisboeta - e não me parece obrigatório viver em Lisboa para acreditar nisto - aparece, participa e alinha pela simples curiosidade. Um "vamos lá ver o que é isto" que, por exemplo, no Porto - e aqui é necessário viver na invicta para se ter esta noção - não existe.
Agora, se o público lisboeta olha para o stand up com desconfiança... isso é outra história completamente diferente. Mas parece-me que só compete aos que se dedicam a esta mui bela arte de palco a tarefa de mudar esse preconceito. Ou não?

Alcómicos disse...

Quem ainda julga que o problema do stand up são as oportunidades para fazer, ainda não percebeu nada disto. Ter a oportunidade de pegar num micro e subir a um palco é fácil. Difícil é ter bons textos, boa presença, boa química com o público, já agora - público, um estilo definido, não imitar os outros, não copiar os outros, não ter inveja dos outros...
Boa sorte com essas terças, rapaziada! Quando puder apareço!
Rui Sinel de Cordes

João Pires disse...

Karmatoon, era essa a ideia que eu tinha das pessoas do Porto. Mas não meu amigo, os Lisboetas normalmente não se deslocam para ver um espectáculo de stand-up, a não ser que já através da televisão te tenhas tornado uma celebridade. Assim como o peças de teatro jogam mais com propriamente cabeças de cartaz do que propriamente qualidade em si. Esta é a minha opinião.
Como óptimo exemplo, tens o LER quando era no Tivoli passado umas semanas já não tinham casa cheia.
"A galinha da vizinha..."

Anónimo disse...

Na minha modesta opinião isto é tudo muito bonito mas não passam de palavras!
A iniciativa de que falas é muito boa e louvável, devendo haver mais do género. Poderia nem ser a nível profissional, mas sim cultural. E o público, seja em Lisboa ou no Porto ou noutro sitio qualquer, deveria ser incentivado a apreciar estas coisas. Muito embora no stand-up apareçam textos de menor qualidade, também aparecem outros muito bons e se não estiverem presentes como vão saber?! Por ouvir dizer?
Boa sorte e a maior força para mais ideias deste género!
G.M.