Em jeito de fim de ano


Graças à participação do novo leitor deste blog Manuel Prata e a um comentário que fez num post anterior, dei por mim a recordar a vida há uns anos atrás.
Recordar é bom, faz-nos passear de regresso a trilhos que foram percorridos, processos esquecidos, rotas antigas.

O comentário deste caro amigo levou-me até à Póvoa de Varzim, há 7 anos atrás, altura em que trabalhava ainda como designer gráfico e em que era participante assíduo no site http://www.fotopt.net/, que entretanto fechou portas.

Galeria fotográfica, o http://www.fotopt.net/ permitia que os seus membros não só pulicassem as suas fotos como também as acompanhassem de crónicas/textos.

Voltei a visitar o site e trago-vos aqui algumas dessas minhas recordações que, por um motivo ou outro, me saltam ainda hoje à vista:







Foi no ano de 2000.


Para fechar, uma foto e o respectivo texto que, ainda hoje, se mantém actual. Serve de remate para a passagem de ano.


Esta Grua É Minha




Se a minha vida for uma linha do horizonte,
terá que ter uma grua,
para que eu a possa construir e deconstruir como me apetecer.
Se a minha vida for um entardecer,
quero ter a chance de transformar a visão antes que o sol se ponha.
Quero erguer os meus edifícios e transformar as minhas ruínas,
estabelecer os meus alicerces e criar os meus telhados
antes que a noite caia.
E, em todos os prédios que eu construa na minha existência,
haverá sempre uma salinha para cada rosto,
um quarto para cada olhar,
uma janela para cada sorriso que guardo na memória.
Se este é o meu horizonte,
então quero que esta grua seja minha.
Quero erguer uma estrutura por cada amigo
por cada amor
por cada alegria
por cada abraço.
Quando a noite finalmente chegar
irei em paz
porque estive cá,
mas construi algo.
Fiz algo.
Porque esta grua
é minha.
Na hora do fim
quando o fim chegar,
quero sorrir e dizer
fotografei como um louco
construi, destrui, ergui e renasci todos os dias
o meu horizonte fui eu que o fiz.


TODAS AS FOTOS POR CARLOS MOURA (2000)

3 comentários:

Anónimo disse...

Dizer que gostei deste teu texto...é pouco...
Tu tens jeito pa' coisa!...

f disse...

Este texto entra em nós como um comboio que passa a toda a velocidade por cima dos carris. Mas fica-nos estacionado nos nossos "parques automóveis das memórias", sem que seja preciso pagar...um caso raro, enfim.

Anónimo disse...

Bom, sinto-me lisongeado pelos creditos concedidos na inspiração. Digo-te Carlos, há momentos em que o caminho do futuro é aclarado por luzes do passado...mesmo que mortiças e meramente enxergáveis. Somos aquilo que pensámos e fizemos.

Manuel Prata