Crónica curta e rasa como a maré

Desengana-te de uma vez e mete nessa tua ordem de ideias que as pessoas são más por natureza e que quando precisares de alguém serão poucas as palmas das mãos que se irão erguer para te ajudar. Verás palmas de mãos, é certo, mas estarão à tua frente, ali como está aquele muro, para te dizer que não avances, que desistas, que desvaneças qualquer névoa de esperança que ainda circule nas atmosferas da tua alma.
És um ser só.
Sempre foste um ser só.
Serás sempre um ser só e só um ser inteligente o suficiente para perceber isso é que tem hipótese de se safar nesta merda que chamamos de rua.
A vida é uma rua, sabes, de um só sentido: sempre a descer.
Por isso, desengana-te.
Não há amores encantados nem cavalos alados nem lamparinas de azeite com mágicos génios previamente engarrafados, poderosos o suficiente para te conceder qualquer desejo mas não o suficiente para se libertarem de uma vulgar lamparina de azeite.
Desengana-te.
A vida é como o documentário de vida selvagem. E nesta corrida, não és o leão.
Desengana-te.
Só assim poderás ser feliz, pelo menos até a chama apagar.

4 comentários:

karmatoon disse...

E nunca ninguém se lembrou de que um génio saído de uma lamparina viria certamente envolto em azeite? Só precisavamos de lhe juntar dois dentes de alho, uma folha de louro e pronto!

Quanto ao resto...
depois falamos

Anónimo disse...

Bolas Carlos...e pensava eu, que tinha acordado pessimista...
É verdade...as rosas têm espinhos, mas não te esqueças de admirar e valorizar a sua beleza e perfume...
Resumindo...nem tudo é mau e não se deve generalizar...

Carlos disse...

Meninos, meninos... é uma crónica, um texto. Não é uma confissão!

Dissendium disse...

Infelizmente, de quem está farta de sentir essas tuas palavras na pele, o teu texto é tão real quanto o ar que respiramos. Espero um dia encontrar algo que me faça acreditar que pode ser diferente...