Quando o Inverno Chegar

É daquelas coisas que raramente se tem oportunidade de ver - a união de grandes novos talentos para uma grande produção teatral.
Está em cena no teatro São Luiz, em Lisboa e até 30 de Junho, a peça "Quando o Inverno Chegar", que reúne em palco nomes como Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Gonçalo Waddington e Dinarte Branco. Como se não bastasse, a encenação é de Marco Martins, o realizador de "Alice", que se estreia nas lides teatrais, e o texto é de um dos grandes novos escritores portugueses, José Luis Peixoto (já leram o "Cemitério de Pianos"?).

O que é que falta?
Público. Não sei se por falta de divulgação ou se por puro e simples azar, mas este sábado a sala do São Luíz contava apenas com cerca de trinta almas penadas e pagantes de bilhetes. Sala practicamente vazia, portanto, capaz de provocar vergonha alheia. Quando as luzes se acenderam, no fim, dava vontade de subir ao palco e pedir desculpa aos actores. Eles estiveram tão bem e nós,os poucos de nós que ali estávamos, tentámos bater palmas com mais força, a ver se enchíamos um pouco mais a sala.

A peça é, de facto, muito boa. Comprida (duas horas e meia), mas muito boa, com um texto brilhante, quase beckettiano, bem interpretado, bem encenado.
A cenografia, de João Mendes Ribeiro, é assombrosa: no palco do S. Luiz ergue-se uma floresta de gigantes troncos, com um sanatório de três pisos no centro, embalado num desenho de luz muito bem conseguido.
A acompanhar a peça, lá atrás dos arbustos, semi-escondidos, um quinteto musical clássico, pontuado ocasionalmente pela presença da cantora lírica Carla Simões.
Muito bom. Em grande.

Se estiverem em Lisboa ou se puderem cá vir, comprem bilhete e vejam "Quando o Inverno Chegar". Merece.

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