É o que dá a falta de profissionalismo
Os Jogos Olímpicos foram celebrados em Portugal com uma prova nocturna de tiro e Lisboa assistiu ao desaparecimento de dois potenciais empregados de mesa, com direito a transmissão televisiva em directo para todo o país.
Foi um desfecho dramático para esta novela policial. Curiosamente, numa altura em que tudo parecia estar bastante equilibrado: reparem que o banco é verde, os reféns estavam brancos de medo, os assaltante com um nervoso amarelo, tudo isto banhado pelas luzes azuis da polícia e conferindo assim as tonalidades da bandeira canarinha ao acontecimento.
Mas, mesmo com a decoração a rigor, a festa acabou à boa moda da Quinta da Fonte, com a única diferença de que desta vez as balas acertaram em alguém, com os GOE a dar show de samba.
É o que dá quando amadores tentam fazer o trabalho de gente crescida. Não é preciso ser europeu diplomado para saber que é preciso alguma preparação e dedicação para se fazer um assalto como deve ser. Não é assim, por dá cá aquela palha, que se entra numa dependência bancária com armas na mão - costuma ser um hábito mal compreendido.
Aliás, tudo leva a crer que estes dois cavalheiros de sotaque brasileiro, além da falta de profissionalismo, deviam pouco à inteligência.
Primeiro, decidem assaltar um banco, o que por si só já é um pouco imbecil. Os sítios onde habitualmente se movimenta muito dinheiro costumam ter as suas devidas protecções.
Segundo, assaltam um banco mesmo no centro de Lisboa, pertinho de um estabelecimento prisional e a dois minutinhos das principais forças policiais portuguesas. Entre um BES na capital e uma Caixa Agrícola num vilarejo de província guardado por um jipe UMM da GNR, creio que a escolha não é difícil.
Terceiro, assaltam um banco em Lisboa numa das mais movimentadas zonas e conseguem escolher o mais pequeno e insignificante da rua. Qualquer observador com dois dedos de testa perceberia imediatamente que seria mais rentável assaltar a Churrascaria Valenciana, que fica do outro lado da rua, do que aquele mini-balcão do BES que tem tamanho para ser alvo de chacota de algumas lavandarias.
Estes dois jovens, que podiam a esta hora estar felizes e contentes a tentar impingir TV Cabo na Praça do Comércio, acabaram por perceber da pior forma que neste país cada vez há menos espaço para amadores, especialmente com Bolonha aí à porta e tantos cursos profissionais a decorrer.
Queriam maminha, acabaram em picanha.
Ficaram também a saber que, em Portugal, autocarro e guarda-redes são ônibus e zagueiro, mas bala não é rebuçado.
Curiosamente, como nota de rodapé, fica uma observação à cobertura mediática da situação. A SIC foi o único canal que não arredou pé da transmissão em directo, com a RTP desligada da realidade e a TVI alternando entre bandarilhas da tourada e uma espreitadela em busca de sangue. Disseram-se as maiores palermices, desde "já chegou a carrinha do INEM" a "foram duas explosões que eu ouvi mas afinal parece que foram três disparos", mas o curioso mesmo é que, com tantas câmaras ao barulho e repórteres nas varandas, quem conseguiu as melhores imagens... foi a edição on-line do jornal Público. Ora espreitem lá o vídeo.
5 comentários:
Concordo plenamente comtigo.
Mais curioso ainda é que, seja aqui ou nos mais especializados no sector Estados Unidos, existam assaltantes que fazem reféns a quere negociar com a polícia.
o máximo que poderão fazer é negociar os termos da rendição.
Pois se estão à espera que a polícia os deixe sair, lhes disponibilize uma limusina até ao aeroporto e lhes frete um jacto para as ilhas Caimão - já com reserva de bungalow -, bem podem esperar sentados por um balázio no meio da testa.
Ainda mais interessante é que a família do jovem baleado ponha a hipótese de processar o Estado português e a PSP - Não a versão portátil e japonesa, mas sim a GOE que é mais para o género do armário - por abuso de força, comportamento incorrecto ou outra coisa que tal - termo legal instituido pelo Supremo Tribunal do Burundi em 1956.
Ora, primeiro de tudo e antes do resto, SEJA MT BEM VINDO!
Não generalizando mas ao que parece, e soube da notícia um dia dp, pois tenho andado desligada do mundo com tanto trab... Dá-me a sensação que, e reforço desde já o que disse, não qerendo generalizar, mas temos uns qts Brasileiros que parece terem vontade de trazer pra perto as vivências das quais se afastaram lá nas suas terras.... e mais não digo!
beijo
O inicio do tal video é no minimo estranho. Gostei do texto!
Não querendo ser mauzinho, acho que este país está a precisar de mais provas de tiro...
Abraço
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