Aprender a fazer publicidade Compensaria

Anda por aí uma campanha com o selo do Ministério da Educação chamada Aprender Compensa. De outdoors a anúncios na televisão, eis o desfile de rostos famosos numa vida alternativa, inseridos no programa do governo "Novas Oportunidades".
Até aqui, tudo bem.
É sempre giro dizer aos calões dos nossos estudantes "ponham-se finos, senão", assim como também é giro ver a Judite de Sousa "que não estudou".
Mas será que mais ninguém pensa que, na verdade, o que esta campanha diz é que um pivot de televisão tem mais valor do que uma operadora de caixa de hiper?
Tudo bem que se incentive os estudos.
Mas não usem como exemplo outras profissões, como se fossem de baixo nível.
Porque não são.
Um gajo que carrega tijolos numa obra não é menos do que um jornalista. Não é.

10 comentários:

Anónimo disse...

Eu faria vários sketches sobre isto.
Ocorre-me um com o Cristiano Ronaldo a ir ao centro de emprego a ver se há alguma coisa para licenciados em direito. com a legenda: Este foi o Cristiano Ronaldo que estudou. Não faça como ele, e depois via-se o Ronaldo a marcar golos ao Roma,e a comprar lamborghinis e coisas que tal.

Ou imagens do José Sócrates no parlamento com a legenda, este é o José Sócrates que não estudou. Não faça como ele. A sério que não.

Abraços,
Pedro Goulão

S. disse...

A campanha tem muito de discutível. Então em que foi que falharam os licenciados que trabalham nas caixas de supermercado? É perversa e moralista, não gosto mesmo nada.

Miguel disse...

Aí é que tu te enganas. Um gajo que carrega tijolos numa obra é muito menos que um jornalista. Um lanterninha de cinema é muito menos que um cantor pop de intervenção pós-moderno alternativo e simultaneamente mainstream sem voz. E por aí fora.
Há pessoas mais importantes que outras. Um doutor,ainda que esteja desempregado, é muito mais importante que um calceteiro.
O país ideal seria composto exclusivamente por gente de estirpe superior: advogados, médicos, engenheiros, publicitários, jornalistas, artistas, deputados e empresários. Se precisássemos de povo, mandávamos vir de fora.

Anónimo disse...

Caro Carlos Moura...

Concordo com quase tudo o que afirmas e a comparação também me deixou um travo de estranheza depois de ver essa pérola da comunicação institucional.
O que falta aqui, na minha modesta opinião, é a referência (isso sim, talvez numa óptica económica) à diferença salarial...
Mas depois nenhuma "celebridade" aceitava...

Abr.

MGD

Eduardo Ramos disse...

Carlos!
Acrescenta, aprender a governar, aprender a ser honesto, aprender a trabalhar, aprender a não ser estúpido!

Como estudar compensa se a Educação não tem uma reforma desde o tempo dos nosso avós?
Como compensa se cada vez há mais gente a deixar de estudar, devido à falta de competência do Sistema Educacional na orientação juvenil?

... fico-me por aqui! Muito há mais para dizer!

Anónimo disse...

Que bom não estou sózinha.Senti exactamente o mesmo quando vi o anúncio. Sim, ela podia não ter sido jornalista se não tivesse estudado...E? Há muitos que só têm o 12º , a 4a classe e são pessoas lindas.
Sou fã de uma mulher que vende nun quiosque (ela é brilhante, sabe da vida, do coração, canta e escreve poesia)e não sou nada fá da Judith que acho muito fria.
Qualquer pessoa com ou sem estudos pode ser um excelente ser humano. Se é bom ter estudos? Sim, mas depende do que se faz com eles. Não se esqueçam que o Bush é presidente dos EUA!Pois...

Anónimo disse...

Fiz exactamente o mesmo raciocinio!

Queremos obviamente aumentar o nível de escolaridade dos portugueses, mas não não existirão carpinteiros, pedreiros, canalizadores e outros que gostem das suas profissões e que estejam felizes com a sua actividade profissional?

Tita disse...

Não resisiti a comentar isto no meu blog. Não o post em si (com o qual concordo plenamente) mas sim o comentário deixado aqui por um miguel.
Por isso esperro que não te importes mas fiz um link aqui para o teu estaminé.

Miguel disse...

Tita,

Levas as coisas demasiado a sério. Pareceu-me que seria óbvio para toda a gente que o meu comentário era irónico. Aparentemente, para ti, não foi. Lamento que tenhas ficado tão chocada, mas sugiro-te que aperfeiçoes esse sentido de humor. Porque o humor é como o povo: apesar de ser fundamental, cada um só tem o seu. Não se pode "mandar vir de fora".

Vítor disse...

Onde Teria Chegado José Socrates se Tivesse Acabado os Estudos!?!?!